- O que se passa?
- Acabámos...
- Porquê?
- Porque sim. Já não dava.
- Ouve uma coisa... Senta-te aqui.
- Doi tanto...
- Eu sei. Mas sabes o que é que eu também sei? Que passa. Que o tempo ajuda-nos em tudo. Que somos jovens demais para sofrermos por um amor que não deu certo. Faz parte. Mas olha o dia que está lá fora...
- Mas não está sol, está cinzento.
- Porquê que vês as coisas assim? Está de dia não está? Então significa que o sol está lá, por trás daquelas nuvens negras, bem acima daquele nevoeiro, mas ele está lá, e está a brilhar. O facto de veres as nuvens cinzentas, não significa que não está sol. Podia ser pior...
- Sim, podia estar a chover, e isso é pior.
- É pior porquê? Se precisas de chuva para renascer. Precisas de algo que te faça desbrotar. Se tiveres sol em demasia, morres. Se tiveres chuva abundante, morres. Precisas tanto de sol como de chuva.
- Isso são as flores. Não sou eu.
- E o que é que elas precisam que tu não precises também? Se te arrancam uma pétala, ficas incompleta. Se te pisam, demoras imenso tempo a recompor-te. Se te alimentam, cresces cada vez mais forte e mais segura.
- Sim, tens razão...
- Então... O que te estou a tentar dizer é que na tua vida tanto é bom teres estes dias de chuva, para te fazerem crescer, para aprenderes, para te tornarem melhor. E quando vier o sol vais desfrutar muito mais. A tua vida é muito mais que esta nuvem que paira sobre a tua cabeça. A tua vida também é o sol que está por trás delas. Mas é mais fácil ver só as nuvens não é?
- Mas e se esta nuvem nunca mais for embora?
- Mas vai... Demore o tempo que demorar, ele vai sempre embora.
- E depois?
- Depois ficam as poças, fica o chão molhado e escorregadio e é preciso ter cuidado ao caminhar. Com o teu coração é igual. Mas depois, as poças acabam por secar, o chão volta a ficar seguro e tu continuas o teu caminho. Mas leva o guarda-chuva.
- Porquê? Se a nuvem já passou...
- Passou esta. Não quer dizer que não venham outras.
- Iguais?
- Ou piores. Mas desta vez tens o guarda-chuva e as galochas. Estás protegida e sabes que embora o sol esteja a brilhar, a chuva pode aparecer. Mas aí, já não te molhas.
- Como é que encaras a vida assim?
- Porque o meu coração já morou no Polo Norte. E quando há dias em que o sol não aparece, tu tens de aprender a como viver o dia inteiro no escuro da noite. Por isso é que agora, nuvem nenhuma me assusta.
- E andas de guarda chuva?
- Ando. claro. Meio estragado pela ventania, mas enquanto me proteger da chuva, continuo o meu caminho.
- E quando ele se estragar?
- Arranjas maneira de te abrigar da chuva. O que não te vão faltar são sítios onde te possas abrigar.
- Tipo, corações, certo?
- Sim, foi o que eu disse.
- E o que eu faço quando alguém me quiser abrigar da chuva?
- Aceitas. Mas és sincera e dizes que já apanhaste muita chuva.
- E o que ele me vai dizer?
- Não sei, que ele é o Verão, talvez.
- E aí, faço o quê?
- Pões o teu coração ao alto e deixas secar.
- E quando é que eu sei que está seco?
- Tu vai saber, acredita.
- Como?
- Quando perceberes que o teu guarda-chuva se estragou para ele te poder dar abrigo.
"Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol. ambos existem, cada um como é"
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa tem razão!no entanto... pessoalmente acho preferível um dia de sol a um dia de chuva, o sol ajuda-te em qq circunstância, abres a janela e...se estas alegre o sorriso fica radioso, mas se estas triste e as lágrimas rolam teu rosto abres a janela e... o sol obriga-te a franzir os olhos que por sua vez a boca acompanha esboçando um sorriso ainda que forçado, o sol seca tuas lágrimas e tu pensas.... QUE DIA LINDO! QUE OS TEUS DIAS SEJAM TODOS DE VERÃO QUERIDA! ADORO-TE
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