19.4.16

Naufrágio

Foste o meu quase. O porto onde o meu barco atracou, sem âncora. E no meio da tempestade, quanto mais fortes ficavam as ondas, mais eu me afastava. Em cada trovoada tua que agitava esse barco onde outrora me senti tão segura, o mar de incertezas fazia-me afundar. Mesmo que arranjasse um bote e te levasse comigo, acabariamos por naufragar, pois os remos que usavas partiam-se em cada onda... Foi quando demos conta que só havia um colete salva vidas. E não suportava os dois, mesmo eu vestindo e te agarrando a mim, fazendo com que não desistisses. Avistei mais além um navio bem maior que o meu barco. Então larguei-te. Soltei-te do meu colete e deixei-te à mercê daquele navio que te viria acolher. Poderia ter ido contigo claro. Mas preferi deixar que te salvassem a ti enquanto eu tinha o colete vestido.

1 comentário:

  1. Amar é, muitas vezes, escolher a felicidade dos outros em prol da nossa.
    Um dia vais ter um tudo, em vez de um quase.

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